Era uma vez Valentim, Miguel, Rama e Ariel. Eles chegaram ao nosso quintal com olhos curiosos e observadores.
Era uma vez pais e mães desses meninos. Eles chegaram ao nosso quintal com olhos atentos e observadores, expectativas no ar e o coração apertado.
Todos foram acolhidos, cada um ao seu tempo e modo, cada um tendo sua história e seu movimento respeitados.
Sim, vivemos juntos um período de adaptação.
Aqueles meninos de olhos curiosos viveram a travessia para seu primeiro contexto social fora da família.
Houve choro, houve angústia, houve colo e olhares de cumplicidade.
Houve descoberta, experiência, novos sabores e cheiros.
Houve muitas sensações diferentes.
Em alguns dias, eles se entregaram a essa nova vivência, e em outros, preferiram o colo e a observação.
Em alguns dias, buscaram o olhar da mãe ou do pai pra garantir que eles estavam ali e se sentiam seguros.
Em outros dias, buscaram o olhar da mãe ou do pai para dizer que estavam muito felizes por estar aqui. Para dizer que estava tudo bem e aliviar aquele aperto no coração.
Com sorrisos largos e braços esticados para nós, foram mostrando que a travessia estava segura.
Aos poucos, foram se deixando acolher pelo novo espaço e pelas novas pessoas que compõem esse espaço.
De forma segura e afetiva, foram se sentindo pertencentes. São partes, exploradores e protagonistas do seu desenvolvimento.
Esta é a história da adaptação que acontece todos os anos em nosso quintal
Entendemos esse processo como fundamental para o início da jornada na escola.
Ele envolve a família, que nos conta sobre sua criança desde a gestação e, durante a adaptação, participa ativamente, afastando-se conforme o vínculo seguro e afetivo vai se estabelecendo.
Por meio de um processo transparente, seguro, autônomo e muito afetivo, criamos laços de confiança que nos acompanham por todo o tempo de vida em nosso quintal.
O que todos ganham? Alegria, segurança para se lançar às descobertas, protagonismo e, claro, coração tranquilo. Outras crianças estão trilhando o caminho da adaptação. Estão nos primeiros passos. Logo teremos notícias deles também, com seus sorrisos largos e corações quentinhos.
Venham fazer parte do nosso quintal.
Texto de Ana Paula Nunes -19/02/2021